Starbucks

A tão apreciada cafeína encontrava-se presa à mão jovial da professora de Transfiguração, cujo tempo vago tomara para degustar daquele incrível liquido, sentada à mesa de uma das mais conhecidas e renomadas cafeterias de todo o globo terrestre. O tempo frio congelava as partes que não podiam ser encobrias pelo grosso manto que pusera ao sair de casa, porém, uma vez dentro daquelas portas, o vento não lhe atingia, deixando apenas a imagem de um possível temporal.

Colocou o copo de plástico na mesa e encarou o horizonte repleto de nuvens tempestuosas, com o rosto desprovido de qualquer sentimento. Com os olhos frios. Hoje cairia um toró d’água, provavelmente. A não ser que Zeus melhorasse seu humor antes, assim ela também teria alguém para poder se espelhar, já que nos últimos dias seu temperamento vinha escurecendo. Motivo? A aproximação do ano letivo. Com isso vinha uma pergunta que não calava ainda; porque uma mulher que detesta tanto ensinar veio à se candidatar justamente ao cargo de professora? Bom, na verdade, o que ela realmente detesta não é o fato de ensinar, e sim o fato de ter que ensinar para alunos desinteressados. O grau de rendimento escolar vinha abaixando conforme os anos, isso não havia como negar.

Porém, Catherine com toda a certeza não faria necas para mudar aquela lastima, até porque de nada adiantaria, afinal é a educação deles que estão em jogo e com isso o problema era deles também. Se quisessem realmente aprender algo, eles mesmos teriam que rever seus atos. Catherine não era do tipo que corria atrás. Não quer fazer? Tanto faz, o prejudicado vai ser você mesmo.

Após horas a fio imersa em seus pensamentos, Catherine tomou um último gole de seu café já quase frio e pagou a conta, caindo fora dali em seguida.

Back To London;

Starbucks, seis horas da manhã

Eram seis horas da manhã quando eu e meus irmãos saímos da Estação King Kross, depois de oito horas de viajem e muitas trocas de trem, de Edimburgo até aqui, mas apesar da hora que costumava ser uma hora calma em minha cidade, já havia muita movimentação. Pessoas apressadas passavam por nós sem nem perceber que se tratavam de três crianças. Meu pai tinha muito trabalho e minha mãe estava cuidando de Houtch que estava doente, além de que os meus outros irmãos estavam todos ocupados procurando emprego ou trabalhando, e então eu tive embarcar - sem nenhuma supervisão de adultos - junto com as gêmeas que eram um ano mais novas o que não deixava nada melhor, na verdade só aumentava minha responsabilidade. E para piorar a situação eu não era nem um pouco amiga das gêmeas, elas me odiavam, e ainda por cima ficavam me irritando, no momento porque estavam com fome. Para a minha sorte do outro lado da rua havia um Starbucks e eu poderia pelo menos calar a boca dessas duas um pouco.

Pedi um capuccino e fiquei olhando as duas se empanturrarem. Depois de uma hora elas tomaram coragem de se levantar, e nós começamos a andar em direção ao Caldeirão Furado, felizmente consegui entender o mapa que meu pai havia me dado. Saímos dali.

A viagem de Chicago até Londres foi longa, mas eu não fiquei sem o que fazer no avião, trouxe comigo uma mala cheia de livros para ler. A única coisa que eu não gostei foi que Apolo ficou junto com os demais animais, sendo assim eu não pude ficar com ele. Logo que cheguei a Londres eu procurei alguma cafeteria ou algo do tipo, eu estava faminto. As comidas do avião não dão nem pra sentir o gosto, são petiscos minúsculos. Sigo para uma das milhões de cafeterias de Londres com minhas malas e a gaiola de Apolo. —Isssh craffshz?— Murmuro para Apolo, pedindo se ele estava bem, ele responde que sim. Logo que me certifiquei de que ele não precisaria de comida logo eu adentro no recinto. Havia bastantes pessoas ali, entro na fila para pegar um café. Era estranho ver uma criança Americana sozinha vagando por Londres, mas já é meu terceiro ano, eu sei tudo o que tenho que fazer. —Olá. Eu gostaria de pedir um cappuccino, por favor. — Digo pegando meu dinheiro inglês e pagando meu café. Sento em uma das mesas observando as outras pessoas.

Back To London;

Starbucks, seis horas da manhã